Deixo, aos sérios, o sorriso mais belo que sempre gostaria de ter dado.
Aos tristes, a alegria contagiante que nunca consegui demonstrar.
Deixo, às crianças, a infância que não pude ter.
Aos adolescentes, os sonhos e fantasias que a idade, \"flor da vida\", merece ter.
Aos cegos, deixo um par de córneas para que possam ver o quanto é bela a natureza.
Ais surdos, deixo a audição para ouvirem sempre as mais belas sinfonias e o canto dos pássaros a cada amanhecer.
Aos mudos, deixo a minha voz para que possam expressar o amor, sentimento mais nobre da vida.
Aos afoitos, deixo a minha calma, pois o desespero é inimigo na solução de problemas.
Deixo aos poetas todos os meus versos, para que possam levá-los ao encontro daqueles que mergulham nas rimas que o amor constrói.
Aos que pregam a guerra, deixo a minha paz.
Aos descrentes, deixo a esperança que sempre me acompanhou nas horas difíceis.
Deixo, àqueles que têm ódio, o meu amor próprio e ao próximo..
Aos temerosos, deixo a minha coragem, para que possam decidir e enfrentar as adversidades.
Deixo minhas mãos àqueles que nunca as estenderam, ou nunca souberam dar um aceno a quem partiu.
Aos pais desconhecidos, deixo o afeto de um filho oculto.
Às borboletas, deixo o néctar das flores do meu jardim, para que possam repartir com os colibris o cálice de suas vidas.
Finalmente, deixo a minha própria vida àqueles que não têm mais esperança de viver para que, renascendo, possam encontrar o verdadeiro sentido de viver.