CORPO E VIDA
Carrego a sina
dos poetas
E levo nos mãos
a verdade dos poemas
Que pode ser
O coração sangrando
Ou uma mentira vertendo
Mas também
podem ser temas
De uma vida
ou de um sonho nascendo.
Levo nas pernas
os tropeços da vida
Mas corro
na direção do lema
Que de repente é ilusão.
Na cabeça,
os cabelos brancos
Que me saíram
do coração.
Nas mãos, os calos
da vida em ofício.
Sobraram-me os pés que não deram-me todos os caminhos.
Mas andei
em trilhos paralelos
E cheguei
em muitas estações
Que mesmo em sacrifício
Tomei chegada
em muitos corações.
Chorei quando precisei rir
E ri quando tinha
que chorar
Por isso não tenho medo das rugas do meu rosto
Que o tempo já me deu
Quando ainda tem
outras para me dar.