Carlos Lucena

CORPO EM VIDA

CORPO E VIDA

Carrego a sina 
dos poetas
E levo nos mãos 
a verdade dos poemas
Que pode ser
O coração sangrando
Ou uma mentira vertendo
Mas também 
podem ser temas
De uma vida 
ou de um sonho nascendo.
Levo nas pernas 
os tropeços da vida
Mas corro 
na direção do lema
Que de repente é ilusão.
Na cabeça, 
os cabelos brancos
Que me saíram 
do coração.
Nas mãos, os calos 
da vida em ofício.
Sobraram-me os pés que não deram-me  todos os caminhos.
Mas andei 
em trilhos paralelos
E cheguei 
em muitas estações
Que mesmo em sacrifício
Tomei chegada 
em muitos corações.
Chorei quando precisei rir
E ri quando tinha
 que chorar
Por isso não tenho medo das rugas do meu rosto
Que o tempo já me deu
Quando ainda tem 
outras para me dar.