Eliza

Impermeável

Impermeável

Caminho em meio às palavras
Em meio aos  olhares silenciosos.
Emudeci
Involuntariamente a  liquidez em que as palavras surgiam aquietaram-se
Tornei- me impermeável
Nada poderia adentrar- me
Nada poderia me fazer sentir genuinamente qualquer sentimento.
Mecanicamente os dias vêm, os dias vão
Às vezes os destroços me atravessam
Por alguns instantes me torno uma esponja
Me encho e logo me esvazio

Me sinto viva
Finalmente eu posso sentir
É um gatilho, como um vulcão adormecido que acabara de entrar em erupção
Depois de toda expansão
Solidifico-me
Torno-me
Impermeável