Carlos Lucena

INDEFINIÇÃO

INDEFINIÇÃO 

Eu sou 
o inexplicável de mim
Sou morte e vida
Eu sou assim.
Sou a sombra 
do que está claro
E sou a claridade 
do escuro que só eu vejo.
Na indefinição do raro
Sou as manobras das línguas e seus beijos.
Não me defino
Na indelicadeza 
do transitório
Porém é na transitoriedade 
Que o escuro se define 
E a alma que 
era pura castidade
Em um corpo
Nenhum mistério 
ela imprime . 
Porque sou alma e corpo 
Alma de 
transparentes vestes
Corpo vivo de veias 
e artérias iminentes
E tenho a alma de 
languidez profunda
Que da nudez profana 
se reveste.
E eu sou assim
Insano como a insana vida dos mortais
Alma e corpo 
cabe dentro de mim
Assim como 
o divino cabe
Nas profanações 
Das ilusões celestiais.