Paulo Luna

Nasce um ser humano

Nasce um ser humano

No mundo capitalista

Um pequeno ser

Tão alvo que parece de plástico

 

Mas tem dedos que se movem

Um coração que palpita

Linhas tênues de veias

Que bombeiam sangue

 

Pela arquitetura humana

Olhos que fagulham

Imaginam os lucros futuros?

 

Suas pequenas mãos

Recatadas sem tédios

Quantos gatilhos puxarão

Quantos machados de aço

Essas pequenas mãos

Sustentarão ante a impotência

              Das árvores derrubadas?

 

Quando será

Que esses olhos pequenos

Se tornarão insones

Ruminando a certeza

De que é apenas

Nada mais do que isso

 

Um ser humano

Destruidor patético

Verme que nem ao menos

Sabe da terra a doçura