Carlos Lucena

NEGRICE

Vida negra

Vida preta!

Vidas cheias de vida

Alma repleta de dor

Vidas que lhes deram uma cor!

Ás vezes 

Na alma incontida

Na carne triturada

Na melanina destruída

Não lhe sobra um sorriso

Não lhe chega um amor.

Vida sobras de vida

Não lhe sobra nem esperança

De sobra, só pranto

De sobra só lágrima vertida

Nas entranhas

Na carne

Na tez.

Ó negro!

Ó branco!

Não foi o mesmo  Deus que te fez?

Ó índio

Ó pardo

Ó loira

Por que ainda na pele

O negro carrega este fardo?

Chega! É hora!

E essa hora já passou

O sangue é igual 

Por que resiste na derme

A insensatez desse mal

Se a alma não tem cor?