Vida negra
Vida preta!
Vidas cheias de vida
Alma repleta de dor
Vidas que lhes deram uma cor!
Ás vezes
Na alma incontida
Na carne triturada
Na melanina destruída
Não lhe sobra um sorriso
Não lhe chega um amor.
Vida sobras de vida
Não lhe sobra nem esperança
De sobra, só pranto
De sobra só lágrima vertida
Nas entranhas
Na carne
Na tez.
Ó negro!
Ó branco!
Não foi o mesmo Deus que te fez?
Ó índio
Ó pardo
Ó loira
Por que ainda na pele
O negro carrega este fardo?
Chega! É hora!
E essa hora já passou
O sangue é igual
Por que resiste na derme
A insensatez desse mal
Se a alma não tem cor?