o nó da vida está sempre afrouxando
e em cada instante caímos um pouco
tal qual ponteiro entre o doze e o seis
mais dia, menos dia, a gente ‘dança’
em ritmo imposto, como folha tirada
como asa desprendida dalgum inseto
despencados, inanimados e sicativos
então optei por requebrar na queda
não questionei todo efeito do balanço
não sei se o tombo será mais rápido
e que se dane a física da aceleração!
pelo menos, será bem mais divertido
dançar como a natureza viva dança
procurar nos ritmos o envolvimento
dançar de azul-celeste, como tangará
em seus sutis passos de acasalamento
sem precisar de plateias ou aplausos
dançar alheio à dimensão das pistas
bailar ainda que males me espreitem
se algum deles secar-me em demasia
então dançarei leve tal qual criança
ou se porventura eu engordar muito
então dançarei balançando a pança
não desejo parar por ora, por nada
que assim seja, até que enfim ‘dance’
e depois rodopie em toda lembrança
e oxalá deixe um passo por herança