Antonio Luiz

Dançar de azul-celeste

o nó da vida está sempre afrouxando

e em cada instante caímos um pouco

tal qual ponteiro entre o doze e o seis

mais dia, menos dia, a gente ‘dança’

em ritmo imposto, como folha tirada

como asa desprendida dalgum inseto

despencados, inanimados e sicativos

então optei por requebrar na queda

não questionei todo efeito do balanço

não sei se o tombo será mais rápido

 e que se dane a física da aceleração!

pelo menos, será bem mais divertido

dançar como a natureza viva dança

procurar nos ritmos o envolvimento

dançar de azul-celeste, como tangará

em seus sutis passos de acasalamento

sem precisar de plateias ou aplausos

dançar alheio à dimensão das pistas

bailar ainda que males me espreitem

se algum deles secar-me em demasia

então dançarei leve tal qual criança

ou se porventura eu engordar muito

então dançarei balançando a pança

não desejo parar por ora, por nada

que assim seja, até que enfim ‘dance’

e depois rodopie em toda lembrança

e oxalá deixe um passo por herança