Ceci

tela suja

você me dá expectativa para as sextas-feiras. você me intriga ao ponto de abrir suas curtidas para entender mais sobre o que você gosta. você baixou um novo olhar na
minha óptica, pois quando saio de casa, observo por lugares quais você gostaria de visitar.
loucura, mera loucura.
avançar rápido assim. querer alguém rápido assim.
em filmes, na televisão, normalizam esse tipo de sentimento.
eu, eu o banalizei por muito tempo. o banalizo ainda.
em que enroscada me enfiei?
fechei os olhos, é como se eu desmaiei. estou dormente da cabeça aos dedos dos pés. no que eu me tornei?
vejo o mundo perder a cor. o medo manchou minha tela.
meu pincel estilhaçou, e os desfiados de madeira pinicam minha pele.
vejo marcas na sua.
foi o pincel também? ou foi você?
se pintando de vermelho para enxergar alguma cor.
num mundo de daltônicos que não pagariam um centavo para entender a sua paleta.
você não esconde seus vermelhos, mas não consigo te ver usando essa cor. os traços em que você se pinta usam de pinceis finos, apesar de múltiplos.
não gosto quando você se pinta de vermelho. acho que você também não gosta.
você é de um lindo azul. de sorriso branco, levemente amarelo.
de olhar castanho, levemente banhada a pele e pintinhas pálidas.
finalizada com cachos pretos.
quem pintou-te fez bem. me faz bem.
mas você se pinta de vermelho. cor que não combina com você. o que você vê nela? (no vermelho)
você precisa dela?
através de aquarelas, te pinto um céu azul.
um cristalino, que você merece, que combine com você.
assim,
mesmo que caiam gotas tuas de vermelho,
mesmo que teus pincéis estilhaçados encontrem sua tela pálida,
a cor não estragará sua paisagem
e seu agora-por-do-sol ainda irá nascer.