Caminhando pela ilha que carrego no peito
Vi e vivi proezas inimagináveis
Há feras imensas, poderosas e amigáveis
Nos jardins psicodélicos da alma
Sentei num canto e refleti com calma
Tentei refazer meu estranho caminho
E percebi vários seres se aproximando de mansinho
Vozes entoando cantos de esperança
Fizeram-me relembrar a inacabável infância
Pássaros fulgurantes cortavam o céu a todo instante
Formando um inconstante rastro radiante
De sonhos e de formas o horizonte se forma
E a vida a todo instante se transforma
Na dança metamórfica do espírito humano
Breve inquilino de inusitada passagem
Passageiro clandestino, desses que seguem sem bagagem
Guerreiro a cada segundo, a cada respiração
Eterno prisioneiro de insensato coração
Bipartido adulto e criança
Segue aprendendo a duras penas essa dança
Que nos faz rodopiar entre acontecimentos
Que traz alegrias e tormentos
E sempre oferece algum ensinamento
Em meio a felicidade e tormento
Cumpre-nos buscar mais e mais aprendizado
Pois tudo o que vive aqui
Em outro plano de existência será utilizado
O rumo dos acontecimentos parece controverso
É assim a odisseia humana no turbilhão dos universos
De amor e de sol escaldantes
De clamor e de sombras relaxantes
Quase sempre de água e de comida
E de riquezas imprecisas e inconstantes
Assim caminha a humana cepa
Assim descamba para a exorbitância
Demais é sempre a vida de inconstâncias
Decerto sempre amaremos as lembranças
E encostas sempre que quase podes
A cabeça no meu ombro quase forte
E entendo isso como prova de amores
E estendo este meu corpo inconsistente
Eivado de tantas e perversas reticências
E desapareço nas horas mais incertas
Como um desertor que foge sem motivo
Como se fosse possível aguentar por muito tempo
Sem me compartilhar inteiramente comigo