QUARTO NU
Em tua doce pele morena
Entreguei meu corpo nu
Em teu quarto me despi honestamente
Te vi crescer ao me tocar
Naquela tarde quente
Naveguei em tua cama
Em teu corpo
Em teus pensamentos
Em teus desejos
Caminhei nu nas tuas frestas
Na tua veneziana
Toquei o teu espírito
Fiz tua alma voar
Se encontrar naquele momento
Te causei medo
Libertei a tua paz
Em teu quarto nu
Te fiz renascer
A ser você mesmo!
Naquela tarde ensolarada
O vento que zumbia na vidraça
Era uma trilha sonora perfeita
Como uma bomba hidráulica
Arregaçava a minha e a tua pele
Como um amontoado de ossos
Fragmentavam a minha e a tua carcaça
Abri tuas gavetas
Encharquei os teus lençóis
Como o orvalho em noites frias de verão
Abortei tua solidão
Me entreguei totalmente são
E te levei a loucura
Rasguei docemente
O teu coração
Adentrou em minhas fibras
Me embolou nos teus pelos
E no teu cobertor
Rijo, forte, espesso
E em todo teu desejo
Deslizava meus lábios
Dos teus pés até tua boca
Salivando em teu queixo
É nesse quarto nu que até hoje penso ...
Ouvindo vozes que sussurram em meus ouvidos
Me trazendo mensagens
Daquele quarto que outrora era vazio e perdido
Que te levou ao êxtase!
Que me deixou úmido!
E é dele que hoje permaneço inteiramente vivo!
Vlad Paganini
‘Não há nada mais honesto a um sentimento do que se entregar inteiramente despido a um verdadeiro e primeiro beijo, a um segundo com os lábios completamente encharcados, a um terceiro totalmente pleno e no quarto se entregar nu, a flor da pele e descalços por entre lençóis completamente desnudos’