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Jessé Ojuara

Amor ancestral

Despertá-la com poesia
e também belas canções.
Alegra muito meu dia,
bem antes das refeições.
E até mesmo sem rezar,
vou libertando emoções.

Mas sem medos ou amarras.
Falo tudo que eu sinto.
Planejo nova aventura.
Hoje muito mais faminto,
quero devorar a vida.
Na hora verde, tomo absinto.

Viajo por labirintos.
Tenho o tempo como algoz.
Ele escarra em minha cara.
Perverso fica entre nós.
Desafio Cronos, luto,
uma batalha feroz.

E o Caronte espreita ao longe.
O Hades quer me abraçar.
Já estava resignado,
antes de ti, sem pensar.
Hoje meu óbolo é seu.
Hades terá  de esperar.

Se eu descer para o inferno,
será por minha opção.
Levo Dante como guia
e também minha razão.
Se quiser venha comigo,
nessa peregrinação.

E noutras viagens doidas,
que faremos de mãos dadas.
Teremos aprendizados
e nessas loucas jornadas,
o novo funde com antigo,
em becos e encruzilhadas.

No crepúsculo da vida,
eu vejo brilhar o sol.
Com cor intensa e ofuscante,
em um perfeito arrebol.
Dar vontade de viver.
Não quero ficar mais só.

Você fez uma aquarela.
Com ela me despertou.
Pintou um farol ao fundo,
que o amor iluminou.
Ele estava adormecido,
mas a luz o renovou.

Renovado segue firme.
Enfrentando tempestades.
Até quando, não sabemos.
Mas não seremos covardes,
de fugir do bom da vida.
Viva as ancestralidades.