Letícia Alves

Tudo que eu sempre quis

Uma manhã que lentamente começa a construir-se.

Um café quente como as ondas do raio de sol 

de dias de verão na varanda;

Páginas de um livro tão velho que tão amigo,

sendo folheadas, lidas com carinho.

Uma gota de café que nele cai 

e forma a desarmonia.

— Ó vida cheia de (des)graça!

O pássaro avoando por todo lado

canta, como quem ri da situação, 

e num desencanto que encanta 

um tanto desfaz esse reclamo.

Olhos na natureza;

Na graça da harmonia da sinfonia desarmonizada.

Umas casinhas brancas, umas árvores verdinhas...

(Penso em quanta história não carregam 

essas coisas simples.)

Pessoas passando, simplesmente vagando.

Vejo rostos diferentes e vidas diferentes,

concomitantemente, almas com os mesmos 

dilemas. Risos e problemas. 

Todos alunos da mesma vida que hora ou outra rima.

Um verso à solta;

Uma palavra à volta;

Uma linha ao vento;

Um texto insólito.

Respiro e penso em Deus...

Agradeço pelo ar, o respirar...

E nesses instantes a manhã se faz,

emoldurando seu belo quadro, 

nas veias do tempo da minha mente

de belas memórias carente.