Letícia Alves

Eu não escrevo assim as coisas

Eu não escrevo assim as coisas.
Eu sou de outras.
Da magia da alma,
que só o homem
que ama o irrelevante
experimenta.
Do posso sem fundo.
No meu descobrimento
do mundo acordo e durmo.

Acordo e durmo
sendo Ser Noturno.
De cabeça pra baixo
escrevo uns versos
ao avesso do resto.
Delírio no meu verso.
Nos meus versos expresso
o nada real das coisas
das cousas – magia doutra.

Mente coerente
é mente que não voa.
Apego-me à ave
e por isso a minha rima voa que voa,
para longe disso que conhecemos,
mas que está tanto
dentro do que vemos
que por vezes não percebemos.
Porque eu não escrevo outras coisas.
Eu sou assim.