Não derrame lágrimas os seus olhos por quem se foi,
Que eles simplesmente chorem pelos que se perderam,
Pelos que agora batem na porta mas ela se lhes não abre,
Tenha apenas compaixão pelos que se perderam;
Os braços que já os abraçaram um dia,
Balançam ao sabor da saudade,
Que não é passageira como a dor
De pressentir a distância que separará os que se foram
dos que os amaram
Ou talvez os amem mesmo depois da partida,
Flores, velas, sussurros e lágrimas,
Muitas lágrimas,
Que molham os lenços e lavam a plataforma do adeus,
Sem adeus,
Sem abraços,
Sem lenços brancos de despedida balançando,
Só velas, choro, lágrimas, sussurros
E um enorme vazio no peito,
A saudade já nasceu
E vem galopando no tempo,
Que é implacável e cruel,
Mas traz alívio á dor do que se foi e dos que ficam,
Mas o instante não o nega o tempo
Que, por misericórdia, suavizará a saudade.