Marçal de Oliveira Huoya

Absurdo

Mudam os atores

Repetem-se os papéis

Vão-se os dedos

Ficam os medos e os anéis

Camada após camada

Uma camada sobre a outra

Pensa ser a última

Até a próxima lhe sobrepor

Esquecida e substituída

Pela posterior

Os guardas controlam a fila

Que segue tranquila e obediente

Eternamente

Até que os guardas tenham sua vez

Caminhando indiferentes

Para o destino da estupidez

Carrascos executam suas vítimas

De forma legitima

Até que sejam as próprias vítimas

De seus algozes

Os mesmos gritos, os mesmos ritos

Agora calam suas vozes

É da gravidade a lei

Que o velho já fora novidade

Caindo súditos tão súbitos quanto o rei

Á terra os corpos coveiros diligentes

Até também estarem mortos

Ah, bem

Esse constrangido prazer passageiro

O eu amanhã serei você

Os últimos um dia serão os primeiros

A todo dia chega uma noite

A toda noite um amanhecer

A vida pode fazer prisioneiros

Mas não deixará sobreviventes...