Antonio Olivio

O milagre que somos

Já fui água num oceano,

Com gosto intragável de sal,

Esquecida no infinito,

Misturada no céu.

 

Até que fui sugada pelo sol,

E virei uma nuvem suspensa,

Voando pelo mundo afora,

Empurrada pelos ventos.

 

Sonhei com o paraíso,

Construí castelos no ar,

Vi o mundo de cima

Como um pássaro, sem asas 

 

Atravessei por desertos,

Por florestas e vales,

Olhei para tudo que existia,

Para toda a  beleza que havia.

 

Mas vi também o desalento,

Da pobreza e da dor,

A fome dos homens 

E a falta de amor.

 

De tanta tristeza, chorei...

E me iluminei de relâmpagos,

Me explodi em Trovões, 

Me transformei novamente.

 

Me tornei gota, caindo

Do alto , caindo...

Mas agora , sou doce 

Para matar a sede.

 

Vou para a terra,

Para o milagre da vida 

Germinar as sementes ,

Para alimentar essa gente...

 

Assim eu , simples gota 

Água revivida 

Transformada da dor,

Em fonte de vida.

 

Sou tudo que existe

A abundância eu sou 

Ressuscitada nos ventos,

Presente do  amor.

 

Antonio Olivio