Lembro que às vezes quando criança,
Saia, sozinho ou com algum amiguinho,
Em perigosa aventura, na esperança
De buscar frutas em quintal de vizinho.
Certa vez ao sair só, em noite fria,
Pelo caminho deserto e escuro...
Andei mais do que normalmente ia
Era setembro, mês de caju maduro.
Mas nessa via tinha um inconveniente...
Estava ao lado de um tosco cemitério,
Que não tinha muro, era arrepiante!
Transmitia-me misto terror e mistério...
Porém, segundo relataram a mim
Havia um pé de caju carregadinho
Daquela espécie de caju-mirim
Logo à frente naquele caminho.
E quando ao dito cemitério cheguei
Senti um pavor incompreensível...
Ao ver... Imediatamente congelei
Um túmulo abrindo-se... Terrível...
E, o pior ainda estava por vir
Quando a lápide se mexeu
Alguém de lá começou a sair
Nessa hora a vista escureceu...
Consegui também me mover
Saí correndo de volta para casa
Foi aí que senti água escorrer
Pelas pernas, quente como brasa.
Cheguei a casa sorrateiramente,
Passei pelo quintal, fui ao poço
Tomar banho imediatamente...
E deitei com a cabeça em alvoroço!
Na manhã seguinte, ao despertar
Soube que o que pensei ser morta criatura
Que o mundo dos vivos veio assombrar...
Era o coveiro preparando nova sepultura!
Nessa hora foi grande a decepção...
Perdi os frutos do meu agrado...
Por causa de mera confusão...
E de um medo injustificado...