Ema Machado

A vela...

A vela…

Ema Machado - Brasil

 

Pavio tomba, verga

Um último suspiro exala

E o corpo disforme esfacela…

Lembro-me, ainda ontem avistava um monte

Hoje é serra, amanhã talvez, apenas areia

Anoitece…

O olhar cansado, pousa no horizonte

Será finita, aquela estrela?

Palavras dançam na mente que não cala

Já não lembro, o que diziam ontem

Foram substituídas, algumas permanecem mudas

Outras, desaparecem sem deixar marcas

Desperdiça-se vida, horas e falas

Deveria -se fazer bom uso de tudo

Quase tudo é finito, tudo para

Relógios são e serão substituídos

Já o tempo, é fósmeo e inexorável

Vence toda batalha

No jardim, pende uma rosa formosa

Gradativamente, murcha e despetala

A beleza é efêmera, silente se esvai

Não se despede, como resquício, meras marcas…

Vida, é sopro de vento que passa

Brinca nas folhas, assovia, joga-as ao solo

Ali terminam, onde nada fala

Quanto a vela, apenas resquício de cera

Outras, iluminam preces silentes de muitos

Que a fé, alimente a alma…