Lascivo, o vento invadia sua alcova iluminada,
penetrando-se por entre as pernas da janela.
Enrubescida do tinto que intumescia sua entranha,
uma taça de cristal concedia-lhe a chancela.
Despida, aos olhos de um baby-doll cor de nada,
sentada sobre a cama com um travesseiro de sela.
Insaciável, afugentara o calor do mundo lá fora,
em frio breu, instigara-se por aquela luz amarela.
No vidro verde das costas nuas e molhadas do rótulo,
um “tenrebaC” ofuscado surgia como sentinela.
Entre goles, embrenhava-se em tórridas linhas,
até que a chama do vinho amiudou-se em vela.
Sôfrego, ainda roçava seus braços descobertos,
desejando seu corpo como a uma donzela.
Extenuada, virou-se para o lado do sono vítreo,
não antes de deixar a taça saciada por ela.
Enfim, sucumbiu aos eólicos galanteios ouriçantes,
e deitou-se com ele, até que só lhe restasse sopradela!