Antonio Luiz

Cópulas

Lascivo, o vento invadia sua alcova iluminada,

penetrando-se por entre as pernas da janela.

Enrubescida do tinto que intumescia sua entranha,

uma taça de cristal concedia-lhe a chancela.

Despida, aos olhos de um baby-doll cor de nada,

sentada sobre a cama com um travesseiro de sela.

 

Insaciável, afugentara o calor do mundo lá fora,

em frio breu, instigara-se por aquela luz amarela.

No vidro verde das costas nuas e molhadas do rótulo,

um “tenrebaC” ofuscado surgia como sentinela.

Entre goles, embrenhava-se em tórridas linhas,

até que a chama do vinho amiudou-se em vela.

 

Sôfrego, ainda roçava seus braços descobertos,

desejando seu corpo como a uma donzela.

Extenuada, virou-se para o lado do sono vítreo,

não antes de deixar a taça saciada por ela.

Enfim, sucumbiu aos eólicos galanteios ouriçantes,

e deitou-se com ele, até que só lhe restasse sopradela!