Abel Ribeiro

O divã do corpo

O corpo é cor

No sol, na lua.

Na luz

É matéria

E não é oco!

Ele é tempo disposto

Novo velho corpo

Lisos e de pelos

Produtivo e noturno

\"Corpos dóceis\"

Nesse tempo único

Que conversa com o tempo

Da vida, da cidade, da idade...

Da imensa vontade

Que o espelho

(não revela)

Como o vagalume na noite.

 

Corpo

É inversão e submissão

Pé, rosto e mão.

Na hora do descanso

Manso amanso corpo

Alimento da alma

(mansidão)

 

Corpo laboral

Que deseja o ócio

Separa o negócio

O tempo que acalma

Pensamentos tensos

Do ser que habita em ti

 

Corpo ajoelhado

Suado, molhado

Amado, desejado

Fala por ti, fala por si

Perecível, visível

Oh corpo amor

Dá-me o teu calor

Hoje choveu

 

O bebê quer mamar

Boca da fome e do desejo

O pé que te sustenta

Te leva a passear 

O parque, a praça, a escola 

Corpo presente, corpo de cristo

Corpo futuro, sete palmos.

 

Corpo desejo 

Corpo suado

Corpo molhado

E mal amado

olho no corpo