Ensinei-me as diversas línguas;
Ensinei-me as inúmeras histórias dos livros;
Ensinei-me os deleites da boa música;
Ensinei-me o descontentamento que outrora a Camões pertenceu;
Ensinei-me a perder pouco a pouco o meu eu...
Ensinei-me sobre a Teoria de Deus.
Ensinei-me a encontrar o cerne do meu eu.
Entre tanto ensinamento, aprendizado e esquecimento,
fui incapaz de não aglomerar o pensamento;
Incapaz de guardar as palavras do Salmista no coração;
Como se tudo que um dia li se tornasse vão.
Vislumbres e poeira no chão.
A incapacidade minha, e só a minha,
de manter esse conhecimento –
que sustentava o meu ser – de dentro, para dentro,
constituiu em mim o meu pior adversário.
Algum resquício maltratado num ser desorientado.
— Ele ia ao vento, na árvore, no momento.
Concluía que o simples não jaz.
— Complexidades? As têm demais.
E terminava o pensamento, enquanto
uma folha de árvore caia sobre a sua cabeça.
Mais uma vez a natureza ensinado como ser leve.
Alento leve.