Não sei se a vida é curta!
Talvez seja longa, longa demais para alguns.
Nessa pressa desmedida, nesse afã,
muitos não refletem entre abismos e infortúnios.
É tão simples viver de acolhimento...
Viver de abraços e ternuras, de encontros,
despossuídos desses vícios, desses assoberbamentos.
Autômatos correndo atrás da vilania, não vive a vida!
O que é mais importante? Um colo que acolhe?
Um olhar que acaricia? Essas palavras que nos confortam?
... ou tanto rancor, tanta posse, tanto açodamento?
Não sei se a vida é curta ou longa! Deixe-me viver cada dia!
Quero enternecer-me, derramar meus sonhos,
sentir a languidez dessas tardes de abandono, refluir.
O tempo me ensinou a não perder tempo entre feridas.
Quero plantar sementes, rir, chorar, desnudar-me...
A vida... o que é a vida, sem o amanhecer, o entardecer,
sem minhas introspeções, sem meus medos e esperanças?
A vida é simples e composta de renúncias e entregas,
de dias felizes, dias tristes, dias alegres e dias simplesmente.
A vida é nada, é tudo, é desatino, um instante, sonhos.
Não importa se a vida é longa ou curta, curta a vida!
Leve para dentro de si, da sua casa, o que resta, seja aprendiz.
Não custa nada ser feliz nesse tempo que lhe resta nessa vida.