Luiz Rossini

Último trago

Em uma noite de quarta,
Eu ando pela estrada;
Desnorteado, quebrado, partido
A beira de um surto nada coletivo

Na parada, na estrada,
Na mão, uma arma,
Ela mata, não dispara, 
Das cinzas, atira brasa

Mas que se exploda,
Foda-se o patrimônio
Que nesse fogo do inferno
Vire o mais belo pandemônio

Porque dessas cinzas eu traguei,
Vi que um dia te amei,
Assim como eu te chamei,
Eu friamente o apaguei

Ela vai mudar por mim
Luz de um Querubim
Mas não dê \"tim-tim\"
Enquanto não chega ao fim

No seu amor tátil,
Tudo que vem fácil,
Do seu amor sápido
Vai embora rápido

Por mais uma noite vou tragar,
Não me peça pra ficar,
Do seu amor quero provar,
Mas não me peça pra ficar

Até o último trago,
Vivemos solenemente 
Por que o cigarro?
Porque mata lentamente

L.R.