do lado de cá de minhas pálpebras
existe um lugar só pros encantados
um saco de estrelas de botar no céu
de uma casinha por jardins ornada
com uma rede estendida na sacada
e uma lua pendurada em palmeiras
de um rio de lágrimas pré-choradas
pra desaguar no lado dos despertos
sempre que tu de mim ficar distante
assim clamo ao sono que me chegue
e que te conduza a mim enfeitiçada
e então te guardo de olhos cerrados
ao que me abraças tão despudorada
tanto, que até a água ruboriza o rio
e um céu de estrelas logo se acende
e a lua se ergue pra olhar teu corpo
em vai-e-vem se marolando ao meu
enquanto as bocas desse par amante
ora esquecidas da distância ingrata
só se desgrudam para falar do amor
e pra tecer juntinhos alguma prece
que algum xamã por eles interceda
pra que o desejo ali nunca se acabe
e que um dia esse reino encantado
possa existir também do outro lado