Breno Pitol Trager

Le Baux


Meu corpo sempre
Destinou-se para Le Baux
\"Os arrendamentos\"
Um gene clandestino
Levou o necrófoton
A subpartícula diabólica
Autodestrutiva
Diariamente para o átomo
Para a molécula
Que computas um RNAd
Adversário
Espalhou-se como câncer
Transcrevendo células
Tecidos marginais
Órgãos de função exumada
Para absenteísmo na estrada
Do pecado capital
E enfim, não tenho organismo
Essa unidade complexa funcional
Que funciona na economia
Do utilitarismo marginal

Por que essa descrição?
Vos admitindo suposto fracasso?
Comecei com arrendamento
Pois é, abandonado nos achados perdidos
A que se destina esta história?
Um órfão subatômico
No cômico
Mundo da melodia septour
Que faz da soberba, a avareza, a inveja, a ira
A luxúria, a gula e a preguiça
Barulho com guitarra, trompete, violino
Bateria, sintetizador, baixo e sanfona

O verso ficou cafona
Sempre quis ser compositor
Mas o tal fóton da necrofilia
Não me fez bom dos ouvidos
Das notas harmônicas desarmônicas
E até o algoritmo não tem algo de ritmo
Já ouviu meu último sucesso?
Ouvidos sangrando deméritos

Enfim, será que o paraíso é um arrendamento?
Uma Oceania Calma de esponjas, espumas, ondas e marés?
Um Le Baux...
Ei de fazer outra digressão
Poeta Cleo, Cleópatra
É pecado dizer, versado em trova, cordel, soneto, rimas
Poetrix, tragédia, épicos, versos livres e concretos
Hipérbole das línguas que quero aprender ainda
Sim, vos contei uma sátira
Mas posso aprender humildemente
Autoestima em toda desértica areia árida
Com família colateral enérgica e sem retro ancestralidade
Sim, sou filiado aos meus pais, adotado
Puberdade difícil, aprendendo sendo asceta
Infância que ordenha do leite a pedra
De ouro
Da manjedoura
No útero
Esquizofrênico
E embora viva tomando lítio
Enxertarei nesses versos belos lírios
Que cultivo
E arrendo
Até toda tempestade celestial
Com nostalgia do pacífico solo
Dialética entre o que é inferno
Do qual supostamente nasci
E o paraíso inevitável
Ao qual me destino