Ema Machado

Ela, a bailarina…

Ela, a bailarina…

Ema Machado

Ela possuía aroma de rosas

Mas, não espinhos, não era flor

Era exímia bailarina, bondosa…

Como poucos, valseava na dor

Seguia acordes da pobreza

Silente, rodopiava 

Porém, com ela nunca se conformou…

Ela compunha triste universo 

Nele, era a estrela mor

Sabia brilhar, quando tudo parecia escuro

Derrubava muros, para a luz passar

Era a alegre bailarina das noites sombrias

 

Envelheceu, a pobreza passou e ela nem percebeu

A escuridão se foi, ela perdeu o passo

Já não caminha sozinha, nem dança…

Aqueles aos quais protegia, cresceram

É ela agora, a criança

O universo em que ela brilhava clareou, ela o esqueceu

E o fulgor daqueles olhos brilhantes

Lentamente se apaga, mas não o amor

Ela ainda irradia, 

E exala aroma de flor…