Edla Marinho

O CONTO

O CONTO 


Zé Maria, coitado
Cuidou de uma lembrança
Assunto mal resolvido de um passado
História contada
Num conto interessante
Que li  duas... Ou três, quatro vezes, talvez
Retratado ou inventado 
Por um tal Machado 
Aníbal seu pré nome 
Passou a vida, o pobre homem 
Preso a um instante 
Uma visão deslumbrante 
Numa noite... Ou dia... 
Que lhe foi como poesia 

Por anos a fio, uma vida
Suas noites eram fantasias 
Desejo que o consumia 
Tinha que ter uma volta 
Uma nova chance, um recomeço 
Entrou naquele trem cheio de esperança 
Passava em sua mente toda a história 
Sonhada, nunca vivida
Senão aquela visão  na memória 
Breve momento 
Que foi sua maior alegria 
Mas...da vida, ora alento... 
Ora tormento 

Horas intermináveis 
Viagem demorada 
Parecia  nunca chegar 
Não parava de sonhar
o pobre Zé Maria 
Até mesmo de dia
O coração disparado 
Quanto mais próxima estava
A estação da descida
Não se lembrava da idade
Era o mesmo jovem de outrora 
Cujo olhar fitou 
Seduzido, um pouco envergonhado 
Aquela belezura por quem foi enfeitiçado 

Mas... 
O presente à sua frente 
Desmentiu a fantasia 
Zé Maria  se dá conta 
De que o tempo não  parou 
Enquanto  ele sonhava
Com o primeiro  amor... 


Edla Marinho 
12/05/2016