Pedro Castro

Caroline

Queria eu, um dia,

Descrever seus olhos

Como quem descreve um céu estrelado e as luzes coloridas de uma cidade cinza,

Queria eu, um dia,

Dizer que minhas mãos ainda estão presas aos seus cabelos dourados,

E que minha língua já não mais reconhece o gosto de nada, ao não ser do seu corpo nu,

Queria um dia dizer,

Que seu beijo é minha dádiva,

Que você é a resposta para todas as minhas dúvidas,

E que ao te olhar, eu pude ver o infinito,

Mas não posso, tudo que tenho a dizer sobre você é silêncio,

E sobre nós, queria eu poder descrever um dia.

 

 

Como um fiel a uma divindade,

Estou destinado a te adorar de forma incondicional,

A te ver em em tudo que é imenso e saber que tudo que existe para mim, de algo forma, é você,

Estou destinado a te amar cegamente, sem questionar sua face,

Mas sabendo que seu rosto também é o meu,

E que você é como a morte,

Com a vinda incerta mas com a chegada absoluta,

Ah, meu amor,

Em vida, estou destinado a amar você mas nunca a te encontrar,

Pois sabemos, que todo esse mundo nos pertence,

E que não habitamos lugar algum, ao não ser o coração um do outro.

 

 

 

Nas noites em que a melancolia me toma por completo e me tira o sono,

Eu sonho com seu nome e grito e rogo por ele,

Em prece, peço que veja que eu não existo sem você,

Nos dias em que sol é a única verdade sob o céu,

Meu amor paira sobre as nuvens e em maior veracidade, se abstém de palavras e se transforma em azul,

Para que chegue a todos os olhos,

E diga novamente, que eu te amo,

E que eu não existo sem você,

Nas tardes onde o céu se desbota como aquarela,

E mais uma vez a noite vem para me trazer a agonia da sua ausência,

O céu se despede e luz e se despe para virar sombra,

Nascem estrelas e se desenham constelações,

E todos tentam entender o que será que todos esses astros querem dizer,

Mal eles sabem que toda essa luz são os meus versos de amor para você,

E que se pudessem ouvir a música que esses corpos dançam,

Ouviriam na mais bela melodia,

Que eu não existo sem você.

 

 

Assim foi e sempre será,

Vou amar meus amores, sabendo que todos são você,

Vou contemplar o mundo, mas pouco, pois nada me daria tanto sentido quanto morar na imensidão do seu ser,

E se em toda a minha vida eu não pude de fato viver,

É porque antes não pude morrer em seus braços,

Se acaso a morte me encontrar,

E meu espírito continuar a vagar e gritar pelo mundo com pura revolta e insatisfação,

É porque antes, com toda a efemeridade e infinitude da vida,

Eu não pude ter Caroline.