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Letícia Alves

O brilho da cidade e a cor das silvestres rosas

Eu vejo o brilho da cidade à noite
E é tão bonita!
Não lembro das dores que esse barulho traz comigo,
Não me lembro de nada disto, amigo...
Pelo menos por hora esqueço isso.
O brilho noturno leva todos os pesadelos consigo...
Percebo as luzes artificiais que bloqueiam a visão das estrelas,
respiro e agradeço, pois há o vento para sentir.
Vejo pessoas desapercebidas da vida, dirigindo em alta velocidade,
correndo contra o tempo, ao vento, perdendo a vida, perdendo tempo.
Entendo o custo dos tempos modernos, líquidos.
Desvio o olhar e vejo um menino que brinca perto duma planta;
A sós diz muito com o seu olhar.
Há muitas almas bucólicas no meio dessa névoa de motores
de carros que veem na vida o além que está no agora,
o brilho da cidade e a cor das silvestres rosas.

Meu olhar muda para o leste. Penso que todos estamos a procura de algo.

Dos nossos ancestrais seguimos os mesmos passos.
Entretanto, seguimos com a constante dúvida
sem a sabedoria, a receita para encontrar esse \"algo\".
Perdidos no mundo-espaço. Brincando com o insaciável.
Para esses o menino ensina uma lição: aperceber-se.
No brilho da cidade que nunca se apaga eu espero amadurecer,
sem entorpecer o meu ser, desembrulhando-me
neste meu humilde canto, vendo as coisas bonitas
que dia após dia há para ver.