Duzai

Subúrbio Mental

Não há dia durante o qual não anseio pela noite,
Mesmo sem lua ou estrelas.
Ei,sol! Por que escolheu a noite como vítima? Onde guarda seus souvenirs!
Sua assinatura engatilha minha fotofobia.
Como posso conversar, trepar, pensar e dormir em tão pouco tempo?
Mas o dia-lixo não pode ser compactado.
Ainda assim esmaga fetos vivos de mães que decidiram não ser mães - na última hora;
Ainda assim transforma corpos de animais envenenados em resíduos fétidos de pelo, carne, ossos triturados...
Isso acontece todos os dias, seja onde for.
Corpos desmembrados são deixados em lixeiras de áreas imunes ao crime, onde a polícia, se chamada, chega em poucos minutos.
As vísceras da beleza também cheiram à morte.
Pó compacto, bochechas rosados, corpos compactados: imundície?
\"Era uma perna?\"
\"E uma cabeça. Agora já foi\".
Meu bote inflável perdeu o rumo,
Temo nunca chegar ao aterro dos abutres felizes.
Por quê? Por que sempre esses percalços inusitados?
Dizem ser carma.
Dizem ser falta de Deus;
Dizem ser ódio;
Dizem ser medo;
Dizem ser covardia;
Dizem ser orgulho...
Molhei a cama até os 14.
Que vergonha! Mijo, sobre mijo...
A culpa não era minha, era do penico, do vaso sanitário sobre os quais imaginava acomodar meus quadris, relaxava e deixava fluir.
Está quente, está molhado, está frio.
Era sonho.
Vasos sanitários e penicos faziam parte de meus sonhos de infância e adolescência.
Que vento lindo! Vamos ventar também! Vem, ninguém! Vem!
\"Vendo e compro justiça\".
Será? Vou entrar, só para ver.
O que há com suas janelas? Por que me olham assim?
Se eu fosse um fóssil que girassol seria?