Pedra ressentida
Ouvindo o lamento da pedra,
Uma pedra antiga
que comigo desabafava,
Podia sentir suas lágrimas,
seus ressentimentos,
Falava-me de outras pedras
que em sua vida passou,
Fiquei ali por horas,
Senti sua carência e abandono,
Passei minhas mãos em sua superfície,
estava áspera e desgastada pela ação do tempo,
O tempo e a pedra juntos, quem diria! Destruidores rígidos e vorazes de objetos que tentam quantificar
a origem das suas existências,
Vendo a pedra ali, falando das mazelas e contando coisas de outras eras,
esqueci das coisas nefastas que me assolam,
dei meu ouvido, meu olhar, para a desinfeliz,
-Vê aquela montanha! Acredite um dia fomos amigas,
disse-me a pedra entristecida,
-Ela, a montanha teve filhos e filhas, formou um bela família, consegue vê-los daqui?
-Ela é linda, senhora de todas as
pedras, embora ignore minha existência,
Olhei para a pedra queixosa,
quase a peguei no colo,
Abracei fortemente…eu te entendo pedra,
mas fique atenta, pois mestre Drummond está a caminho,
não quero que cause a este nobre senhor, qualquer desconforto; ou venha gerar comentários futuros; no meio do caminho havia uma pedra e blá,blá, blá…
Estás tão desamparada, pobre pedra, que agora me sinto no dever de protegê-la, enquanto eu existir...