Shmuel

A noiva

Saiu pelas ruas
Estava descalça,
Descalça e feliz
riu para os convidados, 
Saiu em debandada 
 Com a trupe mambembe,
Se embrenhou nos becos,
Subiu vielas estreitas ,
pensando em poesias
 e outros gêneros literários,
Continha os desejos reprimidos,
sob seu vestido branco,
sujo de asfalto 
e outros resíduos,
Seu sorriso lindo
compensava outras falhas,
Os olhos borrados
Procurava um objeto
Que sonhara um dia existir, 
Alimentou mendigos
Com sopa e pão,
Cobriu uma velha
com parte das vestes,
 e seguiu semi-nua
cidade adentro, 
Foi para igreja
estava quase escurecendo,
Nem todas as imagens
estavam devidamente postas,
O padre de longe a olhava
com certo descaso
A noiva olhou para o relógio
da matriz e pensou:
O tempo de casar há muito passou,
e pegou atalho:
Por hoje quero dançar e beber vinho
E assim fez; a  noiva alva, com seus braços longos,
A chuva insana de arroz e papel picado, se intensificava,
Cachorros e gatos faziam a festa,
as ratazanas não participaram da farra,
mas acompanharam da galeria
toda movimentação,
Enquanto o noivo sentou no altar,
Não estava triste, nem indignado
Talvez cansado dentro do seu traje de pinguim.