Pedro Castro

Deusa do amanhã

Foi num instante de quase morte que eu pude ver o que havia depois do fim:

Uma mulher com olhos tão vivos que miravam direto em meu espírito,

Nua, sorriu e disse que eu não existia,

E foi daí,

Que passei a existir….

 

 

Ao mergulhar no por do sol dos teus olhos,

Vi a verdade como se fosse dádiva,

Olhei para o céu como se fosse meu,

Soprei a alma e dei a vida as lindas poesias que te descreviam, como se eu fosse Deus,

Vaguei pelo mundo a procura de liberdade,

Mas só pude encontrá-la em seus braços,

E ao ser iluminado com seu sorriso,

Tive a certeza de que já era seu,

Segurei sua mão e dancei como se eu fosse livre,

E enfim me veio o desejo de já não mais ser eu,

E sim, nós.

 

 

Ah amor,

Você é pura abstração,

É a luz que ilumina e não se vê,

É o caos contido na beleza da paz,

Você é o silêncio em ímpeto e a melodia que move o mundo,

É a esperança em um caminho,

Você é um sonho vivo,

Ah mulher, me dê a sua mão,

Não quero me valer de rosas e nem girassóis,

Do nosso amor nascerão novos flores,

Novas cores,

Não quero me valer do tempo,

Pois com nosso amor,

Cicatrizes se curam com afeto,

O medo vira afinco,

E o fim vira o começo,

Por isso já não mais me aflijo.

 

Me dê a sua mão

E me invada da pele aos poros,

Da carne aos ossos,

Quero me ver em teus olhos,

Quero te ver em meus olhos,

Logo depois, no rosto de meu primogênito,

E como se não houvesse vida,

Me deixe a certeza da morte em meus amanhãs,

Mas permaneça em meus braços por todas as minhas manhãs.