Na varanda da casa soluço em pranto
Pequeno infante deitado no banco
Chamando por ela, doadora da vida
Meu choro parece que vai e que vem
No mundo afora e não acha ninguém
Sem saber também o porque da partida
As horas perpassam, não é esquecida
Insisto chamar com minh\'\'alma dorida
Na noite vazia me falta acalanto,
A saudosa cantiga do \"nana neném\"
Que anjos do céu cantavam também
Em coro com ela, o Anjo mais Santo
O vento e o balanço no pé de amora
Brincam sózinhos, nas tardes, lá fora
Esperando, quem sabe, afetiva criança
Foi o dia mais triste que anoiteceu
Uma noite infeliz que amanheceu
Dos dias que marcam minha lembrança
Pequeno demais pra saber e entender
Que nada no mundo é querer e poder
Se a vida nos dá, também pode tomar
O tempo é cura pra sanar, se preciso
Se\'eu não me achar detentor do juizo
Ou adulto demais pra querer aceitar
Distante da mãe, e a mãe do seu filho
A rainha sem lar, a semente no exílio
Esperando que um dia a sorte mudasse
E numa manhã sem ninguém esperar
Ela aparece, decidida a ficar
Olhar cabisbaixo e o cansaço na face
Neguei meu abraço, reprimi a emoção
Não olhei para o céu nem dei gratidão
Fui mau o bastante pra não perceber
Que no meu presente estava o passado
(Razão do meu pranto, não consolado)
E que eu poderia, outra vez, reviver
Como eu poderia ter negado guarida
À quem no seu ventre me deu acolhida
Pra que\'u pudesse formar-me completo?
Na involução dos meus pensamentos
O agir de Deus mudou meu sentimento
Pra viver junto à ela e sob o mesmo teto
0 perdão liberal curou nossas feridas
Pra gente viver o melhor desta vida
Com dignidade de estar em família
A mesa foi simples, simples seu leito
O amor foi a base e fez tudo perfeito
Maior que riquezas, bens e mobílias
Quando de novo a gente estava feliz
Um golpe na alma abriu a cicatriz
O grito de dor e o seu corpo no solo
Assim começou o derradeiro adeus
Perdia de novo, a luz dos olhos seus
Perdi seu sorriso, seus beijos, seu colo
A sina me assola de forma nefanda
Na mente me vêm a casa, a varanda
Os dias sombrios que chamava por ela
Repete-se as dores de tanta saudade
O vazio na alma que não vê claridade
Do sol que jamais transporá a janela
Perdõe de novo, meus erros mãezinha
Tu sempre serás, deste lar; a rainha
Orgulho do filho que externa um canto
Nas notas possiveis do meu coração
Suspiro com honras na minha canção
Se ouso falar deste amor puro e santo