Jonas Teixeira Nery

Desejos

Em pouco tempo estávamos nus,

em plena luz do dia, com desespero perverso!

No quarto entrava um perfume e exaltações,

de um bosque nativo, entre prazeres palpitantes.

 

Uma cama de pluma, com lençóis e uma amante.

Entre beijos minhas exclamações e sustos...

Nenhuma resistência, só concessão e entrega,

nesses deleites e desejos insanos, desmedidos.

 

Tomei teus seios, senti teu cheiro de sabonete,

sorvi teus lábios languidamente, inteiramente.

Me submeti ao teu domínio, as tuas coxas, placidamente.

Inquietações advindas dos delírios e malícias.

 

Revelou-se uma febre, uma embriaguez emocional.

Euforia, acolhimento, indóceis momentos, afagos:

assim capitulei, me entreguei, me salvei, anestesiado.

Indescritíveis momentos nesse espaço habitado, lascivo.

 

Libertei-me das amarras, nessas audácias, nesse rio turvo.

Sucumbi aos teus beijos e tuas ciladas, nesses incêndios.

Demônios aguçaram meus instintos, meus mergulhos.

Encantadora manhã inebriava meus sentidos, entre afetos.

 

Reatar meus abraços, nesses braços que me conforta,

nesses gestos petulantes, atrevidos, desmedidos, travessos.

Meiguice e folguedos nessas estrepolias, nessa sedução.

Teu regaço me conforta, me alimenta, me instiga ruidosamente.

 

Quero outra noite, outros beijos, outras confidências!

Entre sussurros e medo que essa noite amanheça, se desfaça.

Render-me aos teus abraços, teu aconchego, teus descuidos.

Refugiar-me nesse abrigo, nesse corpo faminto, extenuado.

 

Em pouco tempo estávamos embriagados nesse quarto,

nesse mundo de delírios e imprecauções, fascinados.

Confidências, pasmaceira, nessa entrega, nesse amparo.

Outras noites se anunciam nesse turbilhão, nessa letargia.