Paulo Luna

Um rato passeava

Um rato passeava

Sobre as luzes de uma estrela

Uma moça se escondia

Nas encostas de um caminho

As onças da fome

Caçaram um velho mendigo

Que ancorava sua pobreza

Nas grades da catedral

Súbitos rumores

Abafavam a luz do sol

Tremulando no crepúsculo

A aguda farra dos insanos

Dançando sobre a carcaça

De um rinoceronte de bronze

Pronto para o fim

Cavalgando sobre o infortúnio

Um homem vestido de jade

Mas seu coração

Com fortes laços de afeto

Aferrava-se ainda

Aos contratos sociais

Enquanto as sílabas da solidão

Gargalhando dunas frias

Envolviam como gelo

 

A pele os lábios e os olhos

Da multidão desencontrada