Poemas de Clarice

Escritora

Perco em mim

as letras que eu queria colocar

Tecer poemas até eu me desvendar
Quisera que a vida fosse um grande sarau
Mas está mais para uma incessante vitrine
 
Uma revista de fotos editadas
De pessoas irreais
De sentimentos  maquiados
 
Quisera eu fazer do tempo meu aliado
E ficar tecendo poemas ao seu lado
E entre uma rima e outra
Seus beijos
E entre um enigma e outro
Seus anseios
Meus anseios
As vontades loucas que temos de viver o agora
 
Quando o algoritmo imprime apenas passado ou futuro
O que você precisa comprar
O que você precisa ter
O que você precisa mostrar
E pouco importa o que você venha a ser
 
Não estou falando que sou mocinho
Só por querer viver de escrever
E de sentir intensamente a vida
A indústria da fachada também me engoliu
Mas as vezes no caminhar da manada
Eu canso de sentir o chão frio
E estico o pescoço 
Estico o meu pescoço Varonil
E aprecio o céu estrelado do Brasil
Posso estar pisando na bosta
Mas meus olhos almejam aquilo que ainda não se viu