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Raposa


É apenas mais um dia chuvoso.
Me encontro sentado na sala, sozinho, no escuro. Minha mente divaga, eu me perco em meio aos meus pensamentos.
Após um tempo algo me desperta, minha amiga raposa está batendo em minha janela, suplicando para que eu abra e tire desta tempestade.
Eu abro, ela entra e se deita em meu sofá.
Calmamente me sento no chão, em sua frente e a observo espreguiçar.
Os pensamentos de outrora tomam forma novamente, e eu decido questiona-la. 
Raposa, há algum motivo para eu ter nascido?
Ela responde friamente: nenhum.
Raposa, qual seria meu papel neste vasto e infinito universo, já que sou apenas mais uma pessoa comum.
Ela responde friamente: nenhum.
Então, por que eu nasci?
Ela cruza olhares comigo e me responde com uma pergunta: por que procura sua resposta em mim?
Eu te digo: normalmente aqui me sento sozinho, o sentimento de solidão invade minha mente e enche meio peito de angústia, sou prisioneiros dos meus próprios pensamentos, mas quando você surge em minha janela, tenho alguém para conversar, alguém para trocar idéias, assim minha solidão se vai, e da lugar para a alegria, há entre nós uma troca de energia através de nossas palavras.
Ela me olha, e diz suas últimas palavras: era bom os momentos que passávamos juntos.
Quando me dou conta, não a vejo mais sentada no sofá.
Eu me lembro então.
Já faz muito tempo que não vejo mais a pequena raposa.
Ela era minha pilastra, mas um dia ela parou de vir, me abandonou.
Sinto sua falta até hoje, saudades dos pequenos e valiosos momentos, das alegres risadas, da sua forte presença.
Ela não virá mais.
Depois de aceitar isso percebi que não posso me sustentar em apenas uma coisa, não posso depositar um peso tão grande em apenas algo ou alguém, tenho que estar preparado para perder algo que amo, e ainda ter em quê me apoiar mesmo se isso vir a acontecer.