Carlos Lucena

DO TÉDIO AO POEMA

DO TÉDIO AO POEMA

Queria escrever 
um poema cego
Com versos mudos 
E estrofes surdas.
Uma página em branco
Que não 
me dissesse nada. 
Sem gramática 
E sem poesia.
Mas a realidade persegue - me
E a palavra segue - me
E a letra não me abandona.
Quase tudo 
que escrevo é enfático
Em suas linhas
Porque eu vejo 
o mundo e homem.
E se tudo isso existe
Não é um poema romântico 
que vai  tirar o tédio
É por isso não vou escrever 
um poema de amor!
Os poemas podem mentir
Mas os poetas não podem deixar de sentir
Aquilo que se chama dor!