Abel Ribeiro

Esperanças e decepções

O dia é como pêndulo

Ora um lado

Ora outro 

As surpresas que pesamos

Tropeçamos, erramos, desgostamos

Nas pessoas.

Isso!

Pessoas são como coisas 

Coisas são como pessoas

Nesse labirinto que habita nessa

A humanidade imperfeita

 

Porrada! A cara se fechou

Aquele cara me decepcionou

Momentos de transe no rosto 

O leite me derramou

Olhei pra baixo e pedi paciência

O saco para limpar

A terra que caiu

Um saco aquele lugar

No click do relógio

Tudo começou a desmoronar

 

E o dia passando...

A noite caiu...

E na força do vento

A porta se abriu 

A lua longe, lúgubre e linda

Raiou na noite preta 

Naquele dia de treta

O andrógino ser desapareceu

Havia de encontrar o caminho

 

Meia noite 

Vou dormir

Sim!

E ao fechar os olhos

Vou esperançar de novo

Pois o mar é onda

Pedras, aves, sol e brisas.

O mar é solidão, contemplação.

E com anzol e rede 

Nele mato a fome 

e a sede anima meu coração

Nesse horizonte de rosto bifronte

Eu vou ter que me virar

E se eu me decepcionar 

Vou acordar novamente e pescar

uma ideia, um ser, um amigo...

Até que o trovão acabe

E a pluma desça

No meu quintal

Repousando na minha flor.