Ashira Saiko

Cota não é esmola


Neta da injustiça social
Tem o sangue da luta racial
Pele cor de obsidiana essencial 
Cabelo afro natural

O preconceito é seu inimigo atemporal
Na escola a chacota banal
Na universidade a minoria eventual 
No emprego a cota funcional 

Sua beleza sensacional 
Copiada por procedimento artificial 
Ocultada na ilusão comercial
De que não há espaço no campo profissional 

Foco do fetiche e desejo imoral
Taxada como desleal 
Por sua pele preta multirracial
Resquícios da mente machista feudal

Vítima de violência conceitual 
Da face branca do preconceito nacional 
Do desprezo governamental 
Da pobreza condicional 

Sua força visceral 
Sua luta incondicional 
Sua fé sobrenatural
Que enfrenta a intolerância religiosa insocial  

Pilar da resistência sociocultural 
Herdeira da guerra Ancestral
Batalhando pela igualdade racial 
Que é um direito judicial.