Jonas Teixeira Nery

Ah, vida ensimesmada!

Ah, esse olhar inquisitivo, desmedido,

contemplando a vida nessa caminhada!

Olhar do tamanho desses erros tortuosos,

nesse fazer e desfazer de trilhas e tropeços.

 

Caminhei muitos andares e me perdi na aridez,

entre deleite e nostalgia, me refiz dos meus conflitos.

Agora meu caminhar se ancora nesse porto,

nessa saudade de outros dias que vivi entre sorrisos.

 

Ah, essas ambições mesquinhas, essas farpas,

esses ouvidos surdos, dessa gente intolerante,

com palavras ásperas em suas narrativas e embustes,

deixando desertos, entre dor e desencanto nessa estrada!

 

Nem dia mais reivindicarei nada, vida minha!

Quero os caminhos trilhados, a leveza, a serenidade,

que alimentam meus sentidos, refazendo essa vida.

Ah, esses silêncios, essas ruas vazias, essa falta de alvoroço.

 

Olho melancolicamente o mundo em tom de cinza.

Esses despropósitos, esses olhares tristes, essas incertezas.

Tantos apelos distorcidos, tanto vazio, tantos enganos...

Não trago esperança, reinvento meus sonhos, meus demônios.

 

Ah, esses atropelos, estou cansado desta monotonia!

Será que não há esperança em algum lugar?

Quero um esconderijo para repousar, esquecer, amainar.

Quero revigorar minhas poesias, sem medo, sem becos escuros.