Vlad Paganini

QUE VENHA ESSE HOMEM

QUE VENHA ESSE HOMEM

 

Tua sombra ainda paira nas paredes do meu quarto

Na beira da minha cama

Num suspiro de voz que não se ouve

Tua alma como numa penumbra sobrevoa a me observar solitária

Frágil feito um pássaro

A querer sobrevoar dentro dos meus braços

 

Madrugada abro minhas janelas

Aguardando o teu corajoso homem

Arrebentar com toda força a tua sombra em minhas paredes

Dilacerar toda a tua febre

Levantar e acender toda a tua brasa

E incendiar em minha cama todo o amor que em ti envasa

 

Que venha esse homem em forma de luz

Tão intenso tão forte mas leve como palha

Entregar a mim todo o teu frágil pássaro

Tua sombra partida

Cantarolando em sussurros e suspiros

Tua verdade escondida

 

Nem sequer imaginaria que você viria

Mesmo sabendo o que por mim sentias

Tantas tardes noites e dias

Carregando por tanto tempo a tua verdade escondida de tua vida sofrida

 

Que o tempo que passou

Que a sombra daquele teu menino imaturo que pairou em minhas paredes

Arrebente o teu homem coragem em todos os meus parênteses

 

Jamais pensei em sentir novamente essa tua febre

Suspirando em meu corpo

Todo o amor que por tanto tempo

Que em cada parte de teus ossos sufocou

E que vivia ao relento

 

Teu homem fotografia

Que em tuas imagens relatadas

Não amadurecia

Hoje abandona tuas sombras sombrias

E entrega toda a tua vontade

Todo o teu sacrifício que em ti sofrias

 

Que venha sim esse homem

Todo teu e todo meu

Esse homem em toda sua coragem

Me amando com esse fogo sobre a minha carne

Se entregando em ebulição dentro da minha e da tua verdade

Vlad Paganini

 

Que venha esse homem

Com o sol sobre a chuva

Com o fogo dentro da minha água

Do ar sufocado brotando na minha terra

Trazendo todo o seu amor

Plantando e enterrando em meu peito

Todo o desejo que amargurou por tanto tempo

 

‘Pra ser homem de verdade, e não somente no sentido da palavra: é preciso ter muita coragem’

Vlad Paganini