Ao longo da história a demonizar
Na fogueira vivas a queimar
Afinal mortos não podem falar
E a justiça não podem reivindicar
Esse conceito milenar
De que a morte pode justificar
A monstruosidade acobertar
E a mulher deve se calar
Parasitas a se alimentar
De vítimas humilhadas a se calar
Não estamos seguras na maca hospitalar
Na cama de casa ou no caixão a selar
Bebês no berço a sangrar
Depois de seu pai os Violar
Nem as de cinco anos vão escapar
E a de dez a engravidar
A garota da faculdade a voltar
No meio do mato a gritar
Com um desconhecido a rasgar
Sua pele até seu útero desintegrar
A grávida dando a luz a sedar
Sua vulnerabilidade aproveitar
Na frente dos colegas a esfregar
Seu órgão na boca dela enfiar
No necrotério a esfriar
Sua alma já não está
Em baixo de um tarado a se esfregar
Seu rígido corpo degradar
Vermes a se arrastar
Nas entranhas de um país rudimentar
Onde os princípio são as minorias atacar
Mas a violência horrenda acobertar
O homem preso por abusar
Muitos seguidores a ganhar
O presidente a imitar
Tiros e a violência aclamar
Nos sites imorais a pesquisar
Estupro, pedofilia, necrofilia a Ganhar
O ranking das pesquisas liderar
Milhões de acessos a faturar
O feminismo invalidar
Pois é mais fácil justificar
Que as mulheres estão a odiar
Do que a violência explicar
Somos condicionados a acreditar
Que as feministas e os lgbts estão a infiltrar
A tradicional família brasileira deturpar
Para que os estupros venham a se disfarçar
Ouça as vozes a gritar
Almas destruídas a clamar
Por entre as chamas dissipar
O Eco da consciência que não se pode aguentar
Enquanto fingimos não enxergar
Eles fingem não praticar
Outros fingem não assistir e desejar
E a violência vai aumentar até a sua porta arrombar
Indicação de música:
Leitura: Doce Veneno - Marina Luz, Misael.
Reflexão: Quem vai queimar - Pitty.