O voar dos pássaros e o vento já não confortam-me mais
Vejo grandes prédios distantes, frios, úmidos
A chuva já não rega minhas plantas, as abelhas sumiram
As avenidas, lotadas, deixam-me sozinho.
Metrópole de sonhos bêbados deixados à calçada
Um carro novo, uma casa própria, um amor e uns filhos
Bitucas de cigarro, poças d\'água, gente apressada
Vejo um homem cair de bêbado
abrir a cabeça na calçada.
Vejo-me preso a essa morada civilizada
Não há tempo para amar, quem dirá para sonhar
Não há tempo de comer, quem dirá então morrer
Vejo-me solto a multidão, sem razão, só razão.
O ser vivaz já não há.