Matheus França

A dor de todos os dias

Todo poema
Toda poesia caótica que arranco de mim 
É para que eu possa me suportar

E no final serei um ser sem espírito 
Sem alma
Sem essência 
E a ausência dos fragmentos que se foram com aqueles papéis 
Acaberei me tornando apenas um homem comum


Em dias como esse
Eu lembro de tudo que quero esquecer
Em dias como esse preferia nem sair da cama
O espírito turva-se sobre todas as outras coisas 
Acabo tornando translúcido e minhas cicatrizes palpáveis 

São dias como esse onde me vejo arrastando por perdão 
Onde meu espírito banha na escuridão 
E por um momento acho que ele gosta 
E por um momento parece que é o que nos deixa vivo

Sobre o manto negro que estou me pergunto a que ponto devo chegar para o suicídio

Qual será o último  fio?

Será uma última faísca de amor que com um simples sobro se apaga
Ou a dor e a ilusão devorando tudo que temos 

São dias como esse que a vida me parece uma grande ilusão 
Onde me vejo sem nenhuma vontade de ser iludido

Sobre todas as idéias que são impostas há o perigo da crença

De crer em um sonho que ja morreu
Vivo onde todos os sons são fúnebres.
Onde todo dia é luto
Pois são dias como esse 
Que um pedaço do meu espírito morre.