Louis

O mau que lhe deixei

Sozinho o pobre caminhava, estava tão triste e tão abatido

Na trilha nada o incomodava, nem mesmo rosnado ou mesmo latido

Aquele olhar só cabisbaixo, olhar meio azul, olhar meio de canto

Com um alto soluço veio abaixo, seus olhos já estavam lacrimejando.

 

De partir o coração, de entristecer, de quase fazer chorar

Fui cambaleando em sua direção, então logo me pus a perguntar

De onde veio meu caro amigo? E o que fez pra merecer?

Tão penoso parece ser o teu castigo, de imediato pude perceber.

 

Rude foi ele comigo: Deixe-me em paz! Então disparou

Já não me bastam tantos inimigos, ou a fraqueza que vem do amor?

Fitei o chão desconcertado, pois em nada podia lhe ajudar

Mas, mesmo que fosse bofeteado, outra vez mais jurei tentar.

 

Com a mão sobre o ombro lhe disse: vá! pode confiar!

Partilhe a dor que lhe faz tão triste, que lhe faz o coração sangrar

Logo aquela desconfiança lhe abandonou completamente

Sua alma encheu-se de esperança, o que me fez ficar contente.

 

Leve sorriso, olhos pro céu. A nostalgia em sua prima cor

Aos poucos foi lhe caindo o véu, véu que escondia tamanha dor

Disse: compreendo plenamente, se palavra alguma quiser dar

Então encarou-me bravamente: talvez a ti possa revelar.

 

Meu recente amigo então cedeu, e escancarou-me o seu segredo

De peito aliviado me agradeceu, por dividir seu carma e desespero

Quando o laranja o céu tocou, um borrão no horizonte apenas via

Desde aquele momento aqui estou, aguardando seu retorno um dia.