Sozinho o pobre caminhava, estava tão triste e tão abatido
Na trilha nada o incomodava, nem mesmo rosnado ou mesmo latido
Aquele olhar só cabisbaixo, olhar meio azul, olhar meio de canto
Com um alto soluço veio abaixo, seus olhos já estavam lacrimejando.
De partir o coração, de entristecer, de quase fazer chorar
Fui cambaleando em sua direção, então logo me pus a perguntar
De onde veio meu caro amigo? E o que fez pra merecer?
Tão penoso parece ser o teu castigo, de imediato pude perceber.
Rude foi ele comigo: Deixe-me em paz! Então disparou
Já não me bastam tantos inimigos, ou a fraqueza que vem do amor?
Fitei o chão desconcertado, pois em nada podia lhe ajudar
Mas, mesmo que fosse bofeteado, outra vez mais jurei tentar.
Com a mão sobre o ombro lhe disse: vá! pode confiar!
Partilhe a dor que lhe faz tão triste, que lhe faz o coração sangrar
Logo aquela desconfiança lhe abandonou completamente
Sua alma encheu-se de esperança, o que me fez ficar contente.
Leve sorriso, olhos pro céu. A nostalgia em sua prima cor
Aos poucos foi lhe caindo o véu, véu que escondia tamanha dor
Disse: compreendo plenamente, se palavra alguma quiser dar
Então encarou-me bravamente: talvez a ti possa revelar.
Meu recente amigo então cedeu, e escancarou-me o seu segredo
De peito aliviado me agradeceu, por dividir seu carma e desespero
Quando o laranja o céu tocou, um borrão no horizonte apenas via
Desde aquele momento aqui estou, aguardando seu retorno um dia.