Jonas Teixeira Nery

De repente

De repente a solidão!

Tornei-me só entre meus livros e poesias,

entre dias e noites sem sentido, sem respostas.

Entre madrugadas frias, noites escuras, essa solidão.

 

Quisera amar outra vez! Amar sem assombro!

Seria um amor pleno, um amor simples,

sem posse, sem amarras, um amor livre,

destituído de rancores e dissabores, embriagar-me.

 

Viria devagar, ousando, esse amor primordial,

espreitando todos os encantos, descobrindo facetas,

tantos desejos, tecendo teias, delicado, excitante,

tramando novos beijos, reconfortante nesses enlaces.

 

Quisera caminhar nesses vargedos, nesses campos abertos,

de luar pleno e paisagens tênues, nessas brumosas noites.

Amar mais atentamente, sem sobressalto, sem medo.

Doar-me mais, compartilhar mais abraços. Despojar-me!

 

De repente a solidão, nesses tempos de assombros!

Esse tempo temido, sem trégua, espreitando, escravizando.

Esse tempo refletido, entre brisas cortantes, entre desatinos,

entre desejos e sonhos, essa incompletude, esse abandono!