O que esperar da noite
A não ser
O suspiro de um anjo
Que morreu esfaqueado
A praga de uma mulher
Que acordou abandonada
O grito de um homem
Ao ver-se esturricado
O crespo pingar
De uma estrela corroída
Áspero instante
De um olho acordado
Entupidas veias
De sarcasmo e cansaço
Dorso de um instante
Cavalgado pela eletricidade
Lusco fusco na cidade
Acossada por fantasmas
A torre de um olho
Que se fecha no silêncio
Pássaro insone
Que percorre as gaiolas do sono
Mendigo com frio
Transitando como um boi
As estrofes de seu abandono
As estrelas
Vagas palavras do universo
Discorrendo incólumes
O trânsito entre dois nadas