Jose Fernando Pinto

Um poeta caipira

Eu nasci no inverno, interior de Minas Gerais, cidade pequena, paisagem serena entre os cafezais. Sim, eu sou do interior, matuto, caipira, menino do campo, sem luxos, sem piras, sem dinheiro no banco. Foi há muito tempo, um menino mirrado, sem maldade ou gingado que garantisse o futuro, o passado foi duro, mas desistir, nem por um momento.

 

Eu nasci no inverno, interior de Minas Gerais, cidade pequena, com festa junina, onde a matéria prima era sua gente. Sim, pessoas de bem, que vão e que vem, e no apito do trem fizeram história, eu sou do interior, matuto, caipira sem dinheiro nem glória, mas no dia de São João, aquecido de quentão, com a fogueira no chão, eu inventava histórias.

 

Eu nasci no inverno, dias frios demais, quando os canaviais já secavam as folhas, pés no chão cheios de bolhas, milho cozido no fogão a lenha, batata doce nos pratos e para enfeitar mais os fatos, um café de rapadura. Foi há muito tempo, mas em nenhum momento fui vencido pela amargura, muito pelo contrário, apesar de não sorrir tanto, não carrego tristeza ou pranto que fomente leitura.

 

Eu nasci no inverno, dias frios demais, interior de Minas Gerais onde a festa junina acontecia, fui uma criança feliz, devo tudo aos meus pais, se eu tive tudo que eu quis? Eu tive muito mais, sonhei e realizei, muitas vidas transformei, fui plebeu, nunca fui rei, mas aprendi com a vida, às vezes dura, por vezes sofrida, que viver é uma aventura, amar é uma magia, e minha vida singela, se não enche uma tela, ela pinta aquarela em linhas de poesia!

 

José Fernando Pinto